Como falado no post anterior, esta parte do assunto do
lixo mereceu um espaço exclusivo no blog, tamanho é o choque cultural entre
Brasil e Alemanha.
Este tipo de lixo que estamos falando (que de lixo não tem
nada) são os móveis que são descartados por pessoas que já compraram outro
novo, ou simplesmente porque estragou uma peça dele.
Como
funciona:
Quando não
queremos mais um móvel, temos que ligar para a prefeitura e eles marcam um dia
para pegar seus móveis, depois disso, na noite anterior basta deixar os móveis
em frente a sua casa (na calçada) que eles levam (obs: só pegam os móveis de
quem ligou para buscarem, portanto se não ligou para eles, mas deixou seus
móveis na calçada, eles passam do lado e não pegam).
Nossa sala (somente a TV e a mesinha de centro não pegamos do "lixo") |
Nós já
ouvimos várias vezes falarem que na Europa e nos E.U.A as pessoas não arrumam
as coisas estragadas, por mínimo que seja o estrago e acabam deixando em frente
as suas casas para que alguém possa aproveitar. Agora nós estamos presenciando
isso de perto, e aproveitando é claro.
Nessa
primeira vez pegamos um colchão de solteiro, limpo e sem cheiro ruim no qual
fiz um teste drive nele, ali na rua mesmo em frente a um restaurante. Após
deitar e ver que era confortável resolvemos levar (detalhe, eu deitado e a Rita
quase desmaiando de rir). Achamos também uma cadeira de escritório (melhor do
que a da minha casa) e uma coberta bem grossa para o inverno. Nossa, foi muito
engraçado, viemos trazendo isso pela rua às dez da noite quase sem força para
carregar de tanto dar risadas. Jamais havíamos pensado que um dia pegaríamos
coisas do lixo, mas convenhamos, também jamais havíamos pensado que as pessoas
colocavam essas coisas no lixo, porque daí meu amigo, qualquer um vira lixeiro.
Um belo dia
estava jogando futebol e recebo o seguinte sms.
Nem esperei
a minha carona, peguei logo o primeiro ônibus e voltei correndo para casa. Já
era em torno das dez da noite, nos encontramos na nossa rua e fomos até onde
estavam nossos “móveis novos”. Chegamos lá e já tinha um casal pegando algumas
coisas e então fomos direto para um sofá vermelho de três lugares (estilo divã
de psicólogo) que era muito pesado. Na metade do caminho infelizmente tivemos
que desistir dele, pois moramos no 3 andar de um prédio sem elevador e não
teríamos força para carregar o sofá até lá. Resolvemos voltar e pegar um outro
sofá de 2 lugares (é isso mesmo, estavam se desfazendo de dois sofás) e esse
sim conseguimos levar até em casa, mas antes disso nós escondemos algumas
coisas para garantir que ainda estariam lá quando voltássemos. Após voltar continuamos
fazendo a feira, levamos uma cadeira e um “criado mudo”. Esses móveis estavam a
quatro quadras de casa, coisa que nos cansava muito. Então resolvemos olhar em
outras ruas mais perto, isso já era meia noite até que em uma esquina avistamos
em frente a um prédio mais móveis (os olhinhos da Rita brilhavam). Nesse novo “lixo”
pegamos um espelho bem grande, dois bidês, uma cesta de lixo para o banheiro e
uma para a cozinha e uma fruteira (o problema é subir tudo isso até o terceiro
andar a uma da manhã).
Outra vez
nós estávamos voltando da academia, quando nos deparamos com bastante móveis em
uma esquina. Na hora já largamos as bicicletas em casa e voltamos para procurar
algo útil, e então encontramos um armário, uma mesa e cinco tapetes. O problema
é que sempre achamos essas coisas em dia que estamos bem cansados (como na
volta da academia) e por isso passamos um aperto bem engraçado. Quando pegamos
o armário, subimos tão cansados (e rir também ajuda a cansar) que chegamos no
segundo andar pensando que já estávamos no nosso...enquanto eu segurava uma
ponta do armário, a Rita tentava abrir a porta do ap, tentou todas as chaves,
forçou a porta, tentou de novo..até que uma luz se acendeu no ap e aí ela já
quase se mijando de rir dizia sussurrando (Sobe!Sobe! Não é nosso ap) nesse
meio tempo a senhorinha, dona do ap abriu a janela do corredor para tentar
entender o que estava acontecendo..ela viu duas pessoas de capuz carregando um
armário e uma delas acenou (a Rita) na tentativa de dizer “está tudo bem..não
deu pra roubar do seu, roubamos de outro ap!” hahahahaha Bem, achamos melhor
pedir desculpas à senhorinha, largamos o armário em casa e voltamos. O problema
foi tentar falar em alemão que nós erramos a porta...ela então achou que
tínhamos perdido a chave e estávamos pedindo ajuda..pensou mil coisas até q
conseguimos (achamos que conseguimos) fazer ela entender que só tínhamos
tentado abrir a porta dela por engano.. Ela deve achar “Esses brasileiros são
malucos”.
Nós sempre
tentamos usar o capuz para não sermos identificados, mas não sei se isso é pior
ou melhor..
O nosso último
ataque foi quando estávamos indo viajar para a Itália (que logo mais
descreveremos os detalhes da viagem). Nosso ônibus partia às seis da tarde e
uma hora antes de sair o ônibus ainda estávamos carregando “lixo” até em casa. Levamos
dessa vez um tapete gigante e um sofá de dois lugares, o que foi suficiente
para completar a nossa sala de visitas. Detalhe que os móveis estavam ao lado
da estação principal de trem da cidade, que estava lotada de gente na frente e
eu estava morrendo de calor, mas não tirei o blusão porque estava com a camiseta
do Brasil por baixo, daí queimava o filme da pátria (nessas horas que eu queria
uma camiseta do inter ou da Argentina).
(Abaixo) coisas que tivemos que deixar por serem muito pesadas
#fica a
dica: Aqui na Alemanha quando um aparelho eletrônico ou um eletrodoméstico esta
no “lixo” e não esta funcionando mais, eles cortam o fio do aparelho. Portanto,
caso tu estejas aqui na Alemanha e ache esses “lixos”, não se emociona e sai
carregando já a geladeira e a televisão. Primeiro olhe para o fio, para ver se
ele esta cortado, ou não.
#fica a dica 2: Não pegue um móvel e desista no meio do caminho, pois como falamos, o caminhão passa só na casa que ligou e se o móvel não estiver lá, pode ser que fique abandonado.